A região do Geoparque Uberaba está integralmente inserida no Bioma Cerrado, com características típicas e alta diversidade de flora e fauna. Apesar de algumas referências ao Bioma Mata Atlântica em áreas específicas de Minas Gerais, como na faixa leste-sul do estado, o Triângulo Mineiro, onde Uberaba se localiza, é amplamente dominado pelo Cerrado. Este bioma é conhecido como a "savana brasileira", destacando-se por sua relevância ecológica e suas variadas fisionomias vegetais, incluindo matas ciliares, veredas e cerradões.
O Cerrado é marcado por vegetação adaptada a condições de estiagem e solos pobres. Árvores tortuosas de cascas grossas, gramíneas e arbustos convivem em harmonia, formando uma paisagem única. Durante os meses secos, de maio a setembro, o bioma ganha tons acinzentados, mas, com as primeiras chuvas da primavera, surge uma explosão de verde, flores e frutos exóticos. Espécies como pequi (Caryocar brasiliense), murici (Byrsonima crassifolia) e barbatimão (Stryphnodendron adstringens) são emblemáticas desse bioma.
As veredas são um destaque ambiental no Cerrado, compostas por buritis (Mauritia flexuosa) e espécies adaptadas a solos úmidos. Elas desempenham papel vital no ciclo hidrológico, regulando o fluxo de água e preservando as nascentes. O Cerrado também abriga matas ciliares ao longo dos cursos de água, criando corredores ecológicos que conectam habitats e permitem o deslocamento e a reprodução da fauna.
Infelizmente, o avanço das atividades humanas, como a agricultura intensiva, a pecuária e o reflorestamento com espécies exóticas, tem reduzido significativamente as áreas de Cerrado. Grandes porções deram lugar à monocultura de soja, milho e cana-de-açúcar, enquanto as florestas semideciduais nas encostas foram substituídas por pastagens e plantações de eucalipto. No entanto, pequenas manchas de vegetação nativa ainda sobrevivem na bacia do Rio Uberaba, abrigando biodiversidade preciosa que precisa de proteção para garantir a regeneração do bioma.
O município de Uberaba tem grande relevância paleontológica e é considerado um dos principais sítios do Cretáceo continental brasileiro, com fósseis datados entre 80 e 65 milhões de anos.
A história paleontológica da região começou em 1945, com a descoberta acidental de fósseis durante a construção de uma ferrovia próximo à estação de Mangabeira, ao norte da cidade. Desde então, a área tem sido alvo de estudos intensos. O paleontólogo Llewellyn Ivor Price, pioneiro nos trabalhos paleontológicos no Brasil, liderou as primeiras escavações em Uberaba, deixando um legado inestimável para a ciência.
Os registros fósseis incluem ossos de dinossauros, como os titanossauros, além de outros organismos que habitavam o ambiente do antigo supercontinente Gondwana. A pesquisa paleontológica local não só contribuiu para a ciência, mas também fortaleceu o potencial turístico e educativo do Geoparque.
O manejo sustentável da vegetação e fauna do Geoparque Uberaba é essencial para preservar sua rica biodiversidade e garantir a convivência harmônica entre os ecossistemas e as atividades humanas. Iniciativas de educação ambiental, geoturismo e proteção das áreas remanescentes são fundamentais para promover o equilíbrio entre o uso dos recursos naturais e sua conservação para as futuras gerações.
A história paleontológica de Uberaba ganhou destaque a partir de 1946, com as primeiras escavações realizadas em Peirópolis pelo renomado paleontólogo Llewellyn Ivor Price, que liderou trabalhos anuais até 1974. Durante esse período, os fósseis descobertos foram transferidos para o Rio de Janeiro, onde foram armazenados na Divisão de Geologia e Mineração (DGM).
Com a inauguração, em 1991, do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price e do Museu dos Dinossauros, no bairro de Peirópolis, Uberaba tornou-se um polo paleontológico de renome internacional. Essas instituições ampliaram significativamente as atividades de escavação e preparação de fósseis, resultando na publicação de centenas de estudos científicos que descreveram novos e importantes táxons únicos no registro paleontológico mundial.
A coleção paleontológica do Museu conta com mais de 4.000 espécimes de diversos grupos, em notável estado de conservação. Entre eles destacam-se fósseis de dinossauros saurópodes e terópodes, além de crocodyliformes, quelônios, anfíbios, peixes, mamíferos, bem como registros de moluscos, crustáceos, pteridófitas e icnofósseis. Todos esses fósseis estão associados às Formações Uberaba e Marília (Membro Ponte Alta), datadas do Cretáceo Superior da Bacia Bauru.
Os estudos detalhados das assembleias fósseis e de seus contextos geológicos têm contribuído para uma compreensão aprofundada sobre os ambientes deposicionais que permitiram a preservação desses fósseis. As descobertas têm sido essenciais para reconstruir os ecossistemas do final do Cretáceo, revelando informações sobre a diversidade biológica e as condições ambientais da época.
A principal unidade fossilífera da região é a Formação Marília, especialmente o Membro Serra da Galga, onde se localizam os mais importantes depósitos fossilíferos de Uberaba. Esses jazigos, inicialmente escavados por Price e, mais recentemente, pela equipe do Museu dos Dinossauros, abrigam fósseis de relevância científica mundial, incluindo espécies tanto de macrofósseis quanto de microfósseis.
A formação geológica da região indica que os fósseis foram depositados em planícies aluviais, frequentemente impactadas por inundações repentinas após longos períodos de seca. Esse ambiente, caracterizado por escassez de água doce e severidade climática, moldou uma fauna e flora altamente adaptadas às condições áridas.
Os registros paleontológicos da região geralmente são encontrados desarticulados e fragmentados, reflexo dos ambientes deposicionais de alta energia, como leques aluviais e rios entrelaçados. Apesar disso, achados excepcionais têm se destacado, como o fóssil do Uberabasuchus terrificus, um crocodilomorfo cuja estrutura preservada inclui 60% do corpo articulado.
Esse tipo de descoberta evidencia a singularidade e a relevância científica dos fósseis encontrados em Uberaba, reforçando a importância do trabalho contínuo de pesquisa, escavação e preservação realizados no Geoparque.
O Geoparque Uberaba é muito mais do que um sítio paleontológico: é um ponto de convergência entre ciência, educação e preservação ambiental. Ao revelar os segredos do passado através de fósseis extraordinários, ele cumpre o papel de conectar o público com a história da vida na Terra, promovendo o desenvolvimento sustentável e o respeito ao patrimônio natural.
A riqueza paleontológica de Uberaba se estende a uma diversidade de fósseis, incluindo algas carófitas, esporocarpos de pteridófitas (Marsiliaceae), ostracodes, artrópodes, biválvios, gastrópodes e icnofósseis (Magalhães Ribeiro & Ribeiro, 1999). Apesar dessa diversidade, a maioria dos achados é atribuída a vertebrados de médio e grande porte, com destaque para peixes, anfíbios e répteis como lagartos, tartarugas, crocodilomorfos e dinossauros (Barbosa, 1955; Petri, 1955; Suarez & Arruda, 1968; Arid & Vizotto, 1965; 1971; Estes & Price, 1973; Baez & Peri, 1989; Kischlat et al., 1994; Bertini, 1994a, b; Bertini & Carvalho, 1999; Castro et al., 1999; Senra & Silva e Silva, 1999).
A Formação Marília, particularmente a região de Peirópolis, é a principal origem dos fósseis de vertebrados encontrados no Geoparque. Entre os grupos ictiofaunísticos identificados, destacam-se Amiiformes, Lepisosteiformes, Siluriformes, Characiformes, Osteoglossiformes e Dipnoi (Bertini et al., 1993; Brito et al., 2006; Gayet & Brito, 1989; Toledo & Bertini, 2005). Estudos recentes descreveram fragmentos atribuídos à Família Amiidae, Subfamília Vidalamiinae (Martinelli et al., 2013).
Embora raros, fósseis de anuros já foram encontrados e possuem importância científica. Dois exemplares relevantes foram identificados: Baurubatrachus pricei (Baez & Peri, 1989) e Uberabatrachus carvalhoi (Baez et al., 2012), ambos representados por esqueletos parciais.
No grupo dos crocodyliformes, a diversidade taxonômica é notável em Uberaba, com espécies como:
Dentre essas descobertas, o Uberabasuchus terrificus se destaca como o fóssil mais completo já descrito no município de Uberaba e um dos mais significativos do Brasil. Aproximadamente 60% de seu esqueleto foi preservado em posição anatômica, consolidando sua importância científica e paleontológica.
As descobertas fósseis no Geoparque Uberaba oferecem um olhar detalhado sobre os ecossistemas do Cretáceo Superior e a biodiversidade que habitava a região. A formação de fósseis em ambientes de alta energia, como leques aluviais e rios entrelaçados, contribuiu para a riqueza paleontológica, embora muitos registros sejam fragmentados.
A diversidade e a qualidade das amostras, aliadas a estudos contínuos, posicionam Uberaba como um dos polos paleontológicos mais importantes do Brasil, com potencial para continuar revelando informações essenciais sobre a história da vida na Terra.
Os dinossauros saurópodes, especialmente do grupo Titanosauria, ocupam uma posição de destaque entre os fósseis encontrados nos sítios paleontológicos de Uberaba. Com uma abundância, diversidade e grau de preservação impressionantes, esses gigantes do passado representam uma importante parcela do registro paleontológico brasileiro.
Três espécies de titanossauros já foram descritas na região:
O Uberabatitan ribeiroi é um dos achados paleontológicos mais importantes do Brasil. Mais de 200 fósseis atribuídos a esta espécie foram recuperados, incluindo séries vertebrais cervicais, lombares e caudais, elementos ósseos dos membros anteriores e posteriores, dentes, costelas cervicais e dorsais, representando indivíduos de diferentes idades.
Este titanossauro foi descoberto durante as obras de duplicação da rodovia BR-050, no Sítio Serra da Galga, localizado a 30 km ao norte de Uberaba, no km 153. As escavações, realizadas entre 2004 e 2006, envolveram uma equipe de oito técnicos do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price (CPPLIP), que removeram mais de 300 toneladas de rochas para recuperar os fósseis.
Em 2011, novos exemplares foram descobertos no mesmo local, consolidando o potencial do Sítio Serra da Galga como uma área promissora para futuras descobertas paleontológicas.
Além das três espécies descritas, outros fósseis isolados indicam uma diversidade ainda maior de titanossauros na região:
Os registros fósseis de saurópodes no Geoparque Uberaba fornecem informações essenciais para entender a evolução e a diversidade dos dinossauros no Cretáceo Superior. As escavações e estudos contínuos reforçam a importância da região como um dos principais polos de pesquisa paleontológica do Brasil, com potencial para revelações ainda mais grandiosas sobre os gigantes que um dia habitaram nosso planeta.
Os sítios paleontológicos de Uberaba se destacam pela expressiva representatividade dos dinossauros saurópodes, em especial os pertencentes ao grupo Titanosauria. Seus fósseis são encontrados em abundância, apresentam uma diversidade marcante e exibem um estado de preservação notável, colocando a região em evidência no cenário científico mundial.
Até o momento, três espécies de titanossauros foram descritas nos sítios paleontológicos da região:
Entre as espécies descritas, o Uberabatitan ribeiroi é considerado o achado mais significativo. Com mais de 200 fósseis recuperados, os vestígios incluem séries vertebrais cervicais, lombares e caudais, elementos dos membros anteriores e posteriores, dentes, costelas cervicais e dorsais, representando três indivíduos de diferentes idades. Este gigantesco saurópode foi descoberto durante as obras de duplicação da rodovia BR-050, no Sítio Serra da Galga, a cerca de 30 km ao norte de Uberaba.
As escavações, realizadas entre 2004 e 2006, mobilizaram uma equipe de oito técnicos do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price (CPPLIP) e demandaram a remoção de mais de 300 toneladas de rochas. Em 2011, novos fósseis foram encontrados no mesmo sítio, reforçando seu potencial para futuras descobertas paleontológicas.
Além das espécies descritas, há registros de fósseis isolados que indicam uma diversidade ainda maior de titanossauros, como materiais atribuídos a um Titanosauria indeterminado de grande porte (Santucci & Bertini, 2006) e espécimes associados ao clado Aeolosaurini (Santucci & Bertini, 2001; Martinelli et al., 2011).
Outro aspecto singular é a presença de ovos fósseis atribuídos aos titanossauros, encontrados exclusivamente em Uberaba e descritos por Price (1951) e Magalhães Ribeiro (1999). Esses fósseis representam um registro único e reforçam a importância da região para o estudo da reprodução desses dinossauros.
Os fósseis de titanossauros estão predominantemente associados à Formação Marília, enquanto na Formação Uberaba, o registro é mais escasso (Santucci, 2008).
Além dos saurópodes, Uberaba também revela fósseis importantes de dinossauros terópodes, predadores que viveram na mesma época. Três grupos principais foram descritos:
Os registros de Maniraptora, grupo intimamente relacionado às aves modernas, incluem uma garra e uma escápula de pequenos táxons encontrados no Sítio Caieira, em Peirópolis (Novas et al., 2005; Machado et al., 2008). Esses fósseis são de grande relevância por esclarecerem aspectos da evolução dos terópodes e sua proximidade com as aves atuais.
O acervo paleontológico de Uberaba, especialmente no que diz respeito aos titanossauros e terópodes, oferece contribuições fundamentais para a compreensão da fauna e dos ecossistemas do Cretáceo Superior. A riqueza de fósseis encontrados na região não só destaca o Geoparque Uberaba como um importante polo de pesquisa científica, mas também como uma janela privilegiada para o fascinante mundo dos dinossauros.
Os Abelisauria, um grupo de dinossauros carnívoros do Cretáceo Superior, estão bem representados nos registros fósseis do Geoparque Uberaba, especialmente por dentes e ossos pós-cranianos (Novas et al., 2008; Candeiro et al., 2012). Estima-se que esses dinossauros poderiam atingir entre 7 a 8 metros de comprimento, com base nos materiais coletados nos sítios de Peirópolis e Serra da Galga.
Em 2011, durante as escavações para a construção do Hospital Regional de Uberaba, próximo ao Cemitério São João Batista, foi encontrado um fragmento de vértebra caudal relacionado ao grupo Megaraptora (Martinelli et al., 2013). Este achado, oriundo de sedimentos da Formação Uberaba, adiciona uma peça importante ao registro paleontológico do Cretáceo Superior no Grupo Bauru, no Triângulo Mineiro.
Embora fósseis da Formação Uberaba sejam raros, a descoberta destaca a diversidade de clados de terópodes nesta região, revelando ecossistemas continentais ricos em grandes predadores, que ocupavam o topo da cadeia alimentar entre 83 e 65 milhões de anos atrás.
Esses achados, frequentemente realizados durante obras na malha urbana, reforçam a necessidade de políticas públicas de geoconservação no município. É fundamental que empreendimentos que envolvam rochas potencialmente fossilíferas realizem diagnósticos paleontológicos preliminares. Locais promissores devem contar com programas de monitoramento e salvamento paleontológico, garantindo a preservação do patrimônio científico e histórico da região.
Além dos táxons já descritos, há um vasto acervo de fósseis registrado na literatura científica e preservado em coleções renomadas, como o Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price e o Museu de Ciências da Terra/CPRM, localizado no Rio de Janeiro. Esse acervo inclui centenas de exemplares, entre ossos, ovos, osteodermos, dentes e icnofósseis, todos descobertos no território de Uberaba.
O contínuo avanço das pesquisas paleontológicas na região promete revelar novos dados científicos, ampliando ainda mais o conhecimento sobre o passado pré-histórico e enriquecendo o contexto paleontológico das áreas que integram o Geoparque Uberaba. Essas descobertas consolidam o município como um dos principais polos de estudos paleontológicos no Brasil, reforçando sua importância científica e cultural.
No bairro de Ponte Alta, a cerca de 30 km do centro de Uberaba, foi identificado o primeiro sítio de nidificação de dinossauros do Brasil. Este achado inédito inclui um ninho contendo vinte ovos fossilizados, marcando um importante avanço para as pesquisas paleontológicas na região. Até então, apenas ovos isolados haviam sido recuperados, tornando este sítio um marco histórico para os estudos paleontológicos nacionais.
A descoberta, publicada na revista internacional Scientific Reports, do Grupo Nature, revelou detalhes fascinantes. Com base nas características das cascas e nas associações dos ovos, que possuem cerca de 12 cm de diâmetro, foi possível comparar com fósseis encontrados em outros países, principalmente na Argentina. Essas análises permitiram concluir que os ovos pertenciam a dinossauros do grupo dos titanossauros, reforçando a importância da região de Uberaba como um rico polo de pesquisa sobre o Cretáceo Superior.
Este sítio é um exemplo da relevância científica do território que compõe o Geoparque Uberaba, destacando seu papel na compreensão do passado pré-histórico e na preservação do patrimônio natural.
A geoconservação é essencial para preservar o patrimônio geológico e a história evolutiva da Terra. No contexto do Geoparque Uberaba, ela abrange ações integradas de proteção e valorização da geodiversidade, promovendo o conhecimento científico, educativo e cultural. Isso é possível por meio da colaboração entre a comunidade local, instituições públicas e privadas, além de agências especializadas.
O objetivo principal é proteger fósseis, paisagens e a diversidade geológica, que inclui rochas, minerais, solos, fósseis e processos geológicos ativos que moldam a superfície terrestre. Essa abordagem é fundamental para a preservação de áreas com grande potencial paleontológico, como os sítios de Peirópolis e seus arredores, localizados no território do município de Uberaba.
1. Área de Proteção Ambiental (APA) Rio Uberaba A APA Rio Uberaba, criada pela Lei Estadual N° 13.183 de 21 de janeiro de 1999, inclui, em sua área de influência indireta, o Sítio Paleontológico de Peirópolis e outras localidades fossilíferas. Essa unidade de conservação destaca as formações geológicas da região, descrevendo detalhadamente os fósseis encontrados e promovendo ações de preservação em parceria com o Centro de Pesquisas Paleontológicas L. I. Price (CPPLIP) e o Museu dos Dinossauros.
A APA também serve como modelo para medidas de geoconservação, abrangendo pesquisa, ensino, popularização da ciência e a proteção ativa do patrimônio paleontológico.
2. Monumento Natural de Peirópolis (MNP) O Monumento Natural de Peirópolis, oficializado pela Lei Municipal N° 10.339 e publicado no Porta Voz em 29 de março de 2009, assegura a proteção efetiva de uma das áreas paleontológicas mais relevantes do Brasil. Essa medida está alinhada à Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC - Lei Federal N° 9.985/00), garantindo:
Essas ações reforçam a importância do Geoparque Uberaba como referência em conservação e promoção do patrimônio geológico, permitindo que a riqueza paleontológica da região seja reconhecida e preservada para as gerações futuras.
A geoconservação é fundamental para a preservação do patrimônio geológico, garantindo a integridade dos fósseis e das paisagens que fazem parte da história da Terra. No Brasil, a legislação nacional e municipal desempenha um papel importante na implementação de políticas públicas que asseguram a proteção e o devido manejo do patrimônio fossilífero.
No âmbito federal, destaca-se o Decreto Lei nº 4.146 de março de 1942, que normatiza a proteção dos depósitos fossilíferos no Brasil, declarando-os como propriedades da nação (BRASIL, 1942). Esse decreto também exige que qualquer extração de fósseis seja autorizada pela Agência Nacional de Mineração, assegurando que o patrimônio geológico seja preservado de forma adequada.
Em 2015, durante a construção de um condomínio no bairro Vila Olímpica, próximo ao Praça Shopping, foram descobertos dois esqueletos fossilizados de dinossauros. Esse importante achado levou a uma colaboração entre a equipe do Centro de Conservação e Pesquisa Paleontológica (CCCP), a Agência Nacional de Mineração, o Ministério Público de Minas Gerais e o Secretário Municipal de Meio Ambiente, culminando na elaboração de um texto enviado à Prefeitura de Uberaba para promulgação de um decreto de proteção.
Em 17 de julho de 2015, a Prefeitura Municipal de Uberaba promulgou a Portaria nº 003, que estabelece diretrizes e procedimentos específicos para a escavação, movimentação do solo e qualquer outra atividade que possa danificar as reservas fossilíferas no município. A portaria orienta que qualquer intervenção nas áreas com potencial fossilífero deve ser acompanhada por um técnico especializado, como paleontólogos ou geólogos com experiência em monitoramento e salvamento paleontológico.
Essa medida alinha-se com as práticas de geoconservação e oferece uma proteção legal essencial ao patrimônio fossilífero de Uberaba, frequentemente servindo de modelo para outras cidades e geoparques. De acordo com a portaria, obras que afetem rochas das Formações Uberaba, Vale do Rio do Peixe e Marília devem contar com a supervisão de um técnico especializado, dado o alto potencial de descoberta de fósseis nessas áreas.
Além da legislação, a educação patrimonial e a capacitação dos profissionais envolvidos em obras de construção civil são essenciais para garantir que a geoconservação seja efetiva. Em Uberaba, diversos órgãos e instituições, como o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, desempenham um papel fundamental na sensibilização e treinamento dos profissionais da construção civil.
Em 15 de outubro de 2021, foi realizado o I Curso de Capacitação para Identificação de Rochas e Fósseis de Dinossauros, com a participação de fiscais do município e militares ambientais. O curso foi ministrado por especialistas como o Prof. Dr. Thiago Marinho e o Dr. Luiz Carlos Borges Ribeiro, com o apoio do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis da UFTM, do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) e do governo municipal. Este treinamento teve como objetivo melhorar a fiscalização e o salvamento de fósseis no município, proporcionando uma abordagem teórica e prática para os envolvidos.
A realização de cursos de capacitação é fundamental para o fortalecimento das práticas de geoconservação. Parcerias com órgãos como a Secretaria de Serviços Urbanos e Obras (SESURB), a Secretaria de Meio Ambiente (SEMAM), a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SEDEC) e outras instituições públicas que lidam diretamente com solo e rochas, como a Companhia Operacional de Desenvolvimento e Saneamento (CODAU), são essenciais para garantir a execução da Portaria nº 003 de 2015.
Essas ações visam promover uma correta orientação dos profissionais da construção civil e órgãos fiscalizadores, garantindo que obras no município sejam conduzidas com total respeito ao patrimônio paleontológico local.
Fonte: Equipe do Projeto Geopark Uberaba
Em 2021, o promotor Carlos Valera, da Coordenadoria Regional de Meio Ambiente do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), participou de um curso voltado à capacitação de fiscais municipais e militares ambientais, destacando a importância desses profissionais na preservação dos fósseis enterrados no solo de Uberaba. De acordo com o geólogo Ribeiro, o curso teve como objetivo preparar os servidores da Prefeitura Municipal de Uberaba e os militares ambientais, especialmente os que atuam na zona rural, para tomar as ações corretas e necessárias para garantir a proteção do patrimônio fossilífero de Uberaba.
Esses esforços marcam um avanço significativo tanto na educação patrimonial e geológica quanto, principalmente, na geoconservação — dois pilares fundamentais do Projeto Geopark Uberaba.
A implementação de políticas públicas voltadas para a geoconservação é essencial para garantir a proteção ambiental e o cumprimento das leis que regulam o uso do solo e a preservação de recursos fósseis. No Brasil, o Decreto Lei nº 4.146, de março de 1942, regula a proteção dos depósitos fossilíferos, considerando-os propriedades da nação. Esse decreto também exige autorização prévia da Agência Nacional de Mineração para a extração de fósseis, assegurando a preservação do patrimônio geológico.
Em Uberaba, em 2015, durante a construção de um condomínio no bairro Vila Olímpica, foram descobertos dois esqueletos fossilizados de dinossauros. A equipe do Centro de Conservação e Pesquisa Paleontológica (CCCP), em parceria com a Agência Nacional de Mineração, o Ministério Público de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, elaborou um texto para a Prefeitura Municipal de Uberaba a fim de promulgar um decreto que garantisse a proteção dessas descobertas.
Em resposta, no dia 17 de julho de 2015, a Prefeitura Municipal de Uberaba promulgou a Portaria nº 003, que estabelece procedimentos e critérios para a escavação, movimentação do solo ou qualquer outra intervenção que possa danificar os depósitos fossilíferos na cidade. Esta portaria, que se alinha aos conceitos de geoconservação, é uma importante ferramenta legal para a proteção do patrimônio geológico de Uberaba, podendo servir de modelo para outras cidades e geoparques. Qualquer obra na cidade que envolva rochas da Formação Uberaba, Vale do Rio do Peixe ou Marília deve, obrigatoriamente, contar com a supervisão de um técnico especializado, como um paleontólogo ou geólogo, com experiência em programas de monitoramento e salvamento paleontológico.
Com o objetivo de fortalecer as ações de geoconservação, o Fundo Especial do Ministério Público de Minas Gerais (FUNEMP) disponibilizará recursos para o zoneamento paleontológico de Uberaba. Este projeto visa identificar e mapear os sítios fossilíferos e paleontológicos presentes no território da cidade. O zoneamento será financiado por R$ 100 mil reais provenientes da Prefeitura Municipal de Uberaba e outros R$ 100 mil reais oriundos do Ministério Público Estadual e Federal por meio dos Termos de Ajustamento de Condutas (TACs) ambientais.
O promotor Carlos Valera destacou que o zoneamento geológico será um marco para a cidade, permitindo identificar de forma precisa as áreas fossilíferas e facilitar o processo de preservação antes do início de obras. Para Valera, a paleontologia está no "DNA" de Uberaba, e o Projeto Geopark Uberaba será fundamental para alavancar o potencial turístico da cidade, promovendo um equilíbrio entre preservação e desenvolvimento econômico.
O zoneamento paleontológico será uma ferramenta orientativa para a preservação da biodiversidade local, sem prejudicar o desenvolvimento econômico da cidade, conforme enfatizou o prefeito Paulo Piau. Já a secretária adjunta de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, Anne Roy Nóbrega, considerou essa ação um marco legal importante, que reforça as ações de geoconservação, sendo um ponto crucial para o sucesso do Projeto Geopark Uberaba.
O mapeamento paleontológico utilizará um sistema de cores para indicar a probabilidade de ocorrência de fósseis:
Nas áreas marcadas em vermelho, qualquer material fossilizado encontrado será retirado e enviado para a UFTM para catalogação e identificação. Este mapeamento ajudará a otimizar os processos de preservação, tornando mais ágil a identificação e resgate de fósseis antes da execução de obras, garantindo a integridade do patrimônio paleontológico de Uberaba.
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